Desde que escrevi as cartas homenageando as profissões,
sinto o desejo em meu coração de escrever algo aos trabalhadores da construção
civil, me vinham umas palavras, mas, nunca se concretizava a carta.
Me perguntava:
"Justo aos trabalhadores da construção civil, não vou escrever nada?"
Haja visto, que já trabalhei em canteiro de obra, mais precisamente no Setor de Pessoal (na construção do Túnel Marembá, no Gongo Soco, em Caeté, por onde passa o trem que vai de Minas ao Espírito Santo).
Até que enfim, as palavras vieram homenageando
os sofridos trabalhadores da construção civil, sem ar condicionado, debaixo de
sol e chuva, correndo risco de cair, se machucar e até perder a vida, eis a carta, com carinho:Me perguntava:
"Justo aos trabalhadores da construção civil, não vou escrever nada?"
Haja visto, que já trabalhei em canteiro de obra, mais precisamente no Setor de Pessoal (na construção do Túnel Marembá, no Gongo Soco, em Caeté, por onde passa o trem que vai de Minas ao Espírito Santo).
DESABAFO DE UM TRABALHADOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Não tem hora, faça chuva, faça solestou a trabalhá.
Tem andaime, tem altura,
há perigo em todo lugá.
Máquina pesada, concreto e pá,
tem areia, brita, alicerce a terminá,
depois subi parede, tijolo a rejuntá,
fazê o acabamento, mão de obra que não qué acabá.
tem areia, brita, alicerce a terminá,
depois subi parede, tijolo a rejuntá,
fazê o acabamento, mão de obra que não qué acabá.
“Hoje é sábado, patrão pediu pra trabalhá,
é aniversário do meu fio e com ele queria está.”
Saio cedo de manhazinha, o almoço na mochila,
lá vou eu,
a obra não termina,
esse prédio tem muito andar.
Meu Deus, tenho tanto calo,lá vou eu,
a obra não termina,
esse prédio tem muito andar.
que a caneta chega escorregá,
na hora de o contra-cheque assiná.
As conta pra pagá
e quero dá uma quantia na igreja,
pra mode Deus abençoá.
É tanta coisa pra comprá, e quero dá uma quantia na igreja,
pra mode Deus abençoá.
os caderno dos minino,
além do arroz com feijão,
batata, leite, macarrão,
quero uma carninha pra assá.
Será que o dinheiro vai dá?
Prometi que ia levá
eles no parque,
tenho que guardá um dinheirinho,
também pipoca, picolé e um brinquedinho.
Pra eles se alegrá.
O sorriso de alegria deles,
compensa o meu labutá.
Ah Deus!tenho que guardá um dinheirinho,
também pipoca, picolé e um brinquedinho.
Pra eles se alegrá.
O sorriso de alegria deles,
compensa o meu labutá.
Abençoe meus fio,
é tudo que Lhe peço.
O suor que derramo, as lutas...
é por eles que me esforço.
Tenho que arranjá um jeito,
pra não endividá,
quero com minhas conta,
em dia ficá.
Mas tem a prestação do computador
e da máquina de lavá.
Né luxo não, o computado é pros minino estudá,
hoje em dia é impotante tê um.
A máquina de lavá, quis dá pra minha muié,
pra ela tê mais tempo e não se cansá.
A coitada trabaia dia e noite,
só Deus sabe o trabaio que os minino dá.
Mas, com fé os carnê de prestação e da máquina de lavá.
Né luxo não, o computado é pros minino estudá,
hoje em dia é impotante tê um.
A máquina de lavá, quis dá pra minha muié,
pra ela tê mais tempo e não se cansá.
A coitada trabaia dia e noite,
só Deus sabe o trabaio que os minino dá.
vou consegui quitá.
Minha muié arrumou roupa pra passa,
ela vai me ajudá pagá.
Nosso Senhô Jesus Cristo não há de deixá nada nos faltá.
Pois, Seu sangue derramou pra nos salvá.
E Ele eu sei, nunca vai nos desampará.
Há um canção que vários cantores a interpretaram,
como Zé Ramalho e Zé Geraldo, cujo compositor
é Lúcio Barbosa, canção chamada “CIDADÃO”,
vou colocar a letra abaixo,
que também é uma homenagem
ao trabalhador da construção civil,
se tiver oportunidade,
vale não só ler a letra, mas, ouvi-la:
“Tá
vendo aquele edifício moço?é Lúcio Barbosa, canção chamada “CIDADÃO”,
vou colocar a letra abaixo,
que também é uma homenagem
ao trabalhador da construção civil,
se tiver oportunidade,
vale não só ler a letra, mas, ouvi-la:
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado, tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá
vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
Por que que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Tá
vendo aquela igreja moço?Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
Por que que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui
eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui Eu quem criou a terraEnchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje
o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar”
(Lúcio Barbosa)
Foi gravada pela primeira vez em 1979. E na maioria das casas
Eu também não posso entrar”
(Lúcio Barbosa)
Desde então, graças a Deus,
as condições de trabalho,
os equipamento de segurança,
agora obrigatórios e fiscalizados,
as leis trabalhistas melhoraram,
as escolas públicas estão bem mais equipadas, mas,
ainda há muito o que melhorar.
Que haja menos corrupção e que o dinheiro público,
seja bem investido com quem realmente precisa,
que a haja saneamento básico,
moradia para a população carente.
Que Deus abençoe nosso país,
as obras que não param e os
trabalhadores honestos que tanto se
dedicam nestas construções,
muitas vezes suntuosas.
Deus lhe abençoe, as obras que não param e os
trabalhadores honestos que tanto se
dedicam nestas construções,
muitas vezes suntuosas.
meu amigo da construção civil,
vi bem de perto seu labor,
sua luta, as vezes longe da família,
dos amigos...
Deus lhe proteja!
Com amor, em Cristo,
Angela.
Angela.