Índios!
Que tem o privilégio de ouvir sons da natureza,
Som do grilo, da água, deslizando nos e rios e cachoeiras!
Ah! Tanta beleza!
Som da mata,
de dia os pássaros a cantar!
a noite os sapinhos a coaxar!
Só quem já teve a oportunidade de viver em contato com a terra,
a natureza, consegue entender,
o que estou a dizer.
A cidade grande, o concreto dos prédios, das ruas e avenidas...
Nem a água da chuva, tem onde escoar e acaba inundando lares...
Ah! Na cidade grande, as pessoas só pensam em comprar.... comprar...
Acabam se esquecendo o que é amar...
Olhar para o céu, contemplar o luar...
A luz ofusca o olhar e não dá para as estrelas contemplar...
O que mais importa é a aparência, o calçar, o vestir, o se maquiar...
E o interior, os sentimentos...mazelas... sofrimentos...!!!!!??????
O materialismo toma conta.
Os shoppings lotados estão,
outro lugar para ir não tem não.
Homens, mulheres, crianças...
talvez nunca conheceram ou conhecerão
o que é verdadeiramente “viver”.
Viver perto da natureza, sim viver.
Mas, na mata é diferente, tem rios, tem cascatas...
Tem ou tinha?
Ah! Me esqueci que o concreto está chegando até ali,
derrubando árvores, destruindo tudo que Deus criou.
Índio, meu amigo, meu irmão,
espécie em extinção!
Sou contigo e oro para que não acabem de vez, com a sua civilização.
O homem branco,
selvagem, não tem educação,
mas, no fundo só querem saciar a ambição.
Talvez, daqui uns anos, as pessoas só ouvirão de ti, índio, meu irmão,
nos livros de história, nos museus,
é uma triste verdade, que todos nós temos que ter preocupação.
Nossas florestas estão sendo dizimadas,
nossos animais em vias de extinção,
e os índios então, onde estão?
O homem branco tem lhe tomado as terras,
as pequenas áreas que lhes restam não mais possuem o devido valor,
já não há rios limpos, a vegetação está destruída.
Enfim, talvez seja mais importante,
gastar milhões em aviões de guerra,
ou com coisas de valor humanitário.
Fiquei muito comovida ao ler uma carta que um índio
escreveu a um presidente dos EUA,
quando este, intentava comprar suas terras.
Enfim, índios são nativos, aqui lá e em qualquer outro lugar.
Em 1855, o cacique Sattle, da tribo Suquamish,
do Estado de Washington,
enviou esta carta ao presidente dos
Estados Unidos (Francis Pierce),
depois de o Governo haver dado a entender,
que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios.
Fazem 144 anos.
Mas, o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade.
Diz assim:
“Como podeis comprar ou vender o céu, a tepidez do chão?
A idéia não tem sentido para nós.
Se não possuirmos o frescor do ar ou o brilho da água,
como podeis querer comprá-los?
Qualquer parte desta terra é sagrada para o meu povo.
Qualquer folha de pinheiro, qualquer praia, a neblina
dos bosques sombrios, o brilhante e zumbidor inseto,
tudo é sagrado na memória e na experiência do meu povo.
A seiva que percorre o interior das árvores,
há em si a memória do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem a terra de seu nascimento,
quando vão pervagar entre as estrelas.
Nossos mortos jamais esquecem esta terra maravilhosa,
pois, ela é a mãe do homem vermelho.
Somos da terra e ela é parte de nós.
As flores perfumadas são nossas irmãs,
os gamos, os cavalos a majestosa águia, todos nossos irmãos.
Os picos rochosos, a fragrância dos bosques,
a energia vital do pônei e tudo pertence a uma só família.
Assim, quando o grande chefe insiste em dizer que deseja
comprar nossas terras, ele está pedindo muito de nós.
O grande chefe manda dizer que nos reservará um sítio
onde possamos viver confortavelmente por nós mesmos.
Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos.
Se é assim, vamos considerar a sua proposta sobre a
compra de nossa terra é sagrada para nós.
A límpida água que percorre os regatos e rios...
o marulhar das águas é a voz dos nossos ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, eles nos saciam a sede,
levam as nossas canoas e alimentam nossas crianças.
...sabemos que o homem branco não entende nosso modo de ser. Para ele um pedaço de terra não se distingue de outra quaisquer, pois é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo de que precisa. A terra não é sua irmã, mas, sua inimiga, depois que a submete a si, que a conquista, ele vai embora, à procura de outro lugar. Deixa para trás de si a sepultura de seus pais e não se importa. A cova de seus pais é herança de seus filhos, ele os esquece. Trata a sua mãe, a terra, e seus irmãos, o céu, como coisas a serem compradas ou roubadas, como se fossem peles de carneiros ou brilhantes contas sem valor...o apetite vai exaurir a terra, deixando atrás de si só desertos, isso eu não compreendo. Nosso modo de ser é completamente diferente do vosso.
A visão de vossas cidades faz doer aos olhos do homem vermelho é um selvagem e como tal, nada pode compreender. Nas cidades do homem branco não há um só lugar onde haja silêncio, paz. Um só lugar onde se ouve o farfalhar das folhas na primavera, o zunir das asas de um inseto. Talvez seja porque sou um selvagem e não possa compreender.
O barulho serve apenas para insultar os ouvidos. E que vida é essa onde o homem não pode ouvir o pio solitário da coruja ou o coaxar das rãs à margem dos charcos à noite? O índio prefere o sussurrar do vento esfrolando a superfície das águas do lago, ou a fragrância da brisa, purificada pela chuva do meio-dia ou aromatizada pelo perfume dos pinhos.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois, dele todos se alimentam. Os animais, as árvores, o homem todos respiram o mesmo ar. O homem branco parece não se importar com o ar que respira. Como um cadáver em decomposição, ele é insensível ao mau cheiro. Mas, se vos vendermos nossa terra, deveis vos lembrar de que o ar é precioso para nós, que o ar insufla seu espírito em todas as coisas que dele vivem.
O ar que vossos avós inspiraram ao primeiro vagido foi o mesmo que lhes recebeu o último suspiro.
Se vendermos nossas terras a vós, deveis conservá-la à parte como sagrada, como um lugar onde mesmo um homem branco possa ir sorver a brisa aromatizada pela flores dos bosques.
Assim consideraremos vossa proposta de comprar nossa terra. Se nós decidimos aceitá-la, farei uma condição: o homem branco terá que tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo de outro modo. Tenho visto milhares de búfalos apodrecerem nas pradarias, deixados pelo homem branco que neles atira de um trem em movimento.
Sou selvagem e não compreendo como o fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante que o búfalo, que nós caçamos apenas para nos mantermos vivos. Que será dos homens sem os animais? Se todos os animais desaparecem, o homem morrerá de solidão espiritual. Porque tudo isso pode cada vez mais afetar os homens. Tudo está encaminhado.
Devíeis ensinar aos vossos filhos que o chão onde pisam simboliza as cinzas de nossos ancestrais. Para que eles respeitem a terra, ensinai a eles que ela é rica pela vida pela vida dos seres de todas as espécies.
Ensinai a eles o que ensinamos aos nossos: que a terra é a nossa mãe.
Quando o homem cospe sobre a terra, está cuspindo sobre si mesmo.
De uma coisa, nós temos certeza, a terra não pertence ao homem branco.
O homem branco é que pertence a terra. Disso nós temos certeza.
Todas a coisas estão relacionadas como sangue que une uma família.
Tudo está associado. O que fere também aos filhos da terra.
O homem não tece a teia da vida. É antes, um dos seus fios. O que quer que faça essa teia, faz a si próprio.
Mesmo o homem branco, a quem Deus acompanha e com quem conversa como um amigo, não pode fugir a esse destino comum. Talvez, apesar de tudo, sejamos irmãos.
Nós o veremos. De uma coisa sabemos, e que talvez o homem branco venha a descobrir um dia: Nosso Deus é o mesmo Deus.
Podeis pensar hoje que somente vós o possuís, como desejais possuir a terra, mas, não podeis. Ele é o Deus do homem e sua compaixão é igual tanto para o homem branco, quanto para o homem vermelho.
Essa terra é querida dele, e ofender a terra é insultar o seu Criador. Os brancos também passarão talvez mais cedo do que as outras tribos. Contaminai a vossa cama, e vos sufocais numa noite no meio de vossos próprios excrementos.
Mas, no nosso parecer, brilhareis alto, iluminados pela força do Deus que vos trouxe a esta terra e por algum favor especial vos outorgou domínio sobre ela e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para nós, pois, não compreendemos como será no dia em que o último búfalo foi dizimado, os cavalos selvagens domesticados, os secretos recantos das florestas invadidas pelo odor do suor de muitos homens e a visão das brilhantes colinas bloqueadas por fios falantes.
Onde está o matagal? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu.
O fim do viver e o início do sobreviver”.
(Cacique Sattle)
Bom, amados!
Que Deus Criador, tenha compaixão de nós, sua criação!
Que destrói por ambição!
Com amor,
Angela.