Olá amados irmãos e amigos!
Vou continuar colocando aqui,
uns trechos do livro:
“A coragem de ser para os outros”
de Rainerson Israel:
“Quem é o ser humano?
Essa intrigante pergunta nos coloca
diante de nós mesmos.
A teologia – tal como as diversas áreas do saber
que
tentam, através de suas metodologias,
desvendar esse “ser”essencialmente
insondável que somos –
nos convida a percorrer o caminho da compreensão e
busca
oferecer-nos algumas respostas, ainda que provisórias.
Afinal, não se trata de
uma questão que possua
respostas prontas, e nem mesmo as infindáveis brigas
nos
diversos campos do saber serão capazes de
produzir algum gabarito.
Uma
indagação desse tipo nos leva à imensidão
que está dentro de nós e dos nossos
“outros relevantes”,os próximos.
“O ser humano canta e protesta, dança e agride,
congrega e
dispersa. (...)
O ser humano circula pela rua, mas também
se recolhe na
intimidade.
Ele se expande festivamente e tranca-se amargamente.
É lógico e
ilógico.
Fala e silencia, grita e emudece, gargalha e enclausura-se. (...)
O
ser humano constrói maravilhas, mas também pode arrasá-las.
Planta a semente e
desintegra a germinação. (...)
O ser humano sente necessidade de convivência e
solidariedade,
mas também é antissocial.
A discriminação, o fanatismo e o sectarismo
esfiapam o tecido social.
esfiapam o tecido social.
(...) O ser humano é águia altiva que recorta
horizontes
vastos e é também verme que rasteja.”
Essa definição de Juvenal Arduil, filósofo e antropólogo
brasileiro,
mostra como a nossa complexidade, evidente nas múltiplas
faces que
possuímos, não pode ser resumida em uma simples resposta.
Entretanto, não
podemos fugir do desafio
de compreendermos o ser humano.
Ao menos a mera
percepção de nossa incapacidade
de compreensão já nos oferece a humildade tão
necessária nos relacionamentos e no aprendizado.
No capítulo 7 de sua carta aos Romanos,
o apóstolo Paulo nos
fornece uma linda visão sobre o homem.
Especificamente a partir do versículo 14:
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual;
eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.”
Ele mergulha em
si mesmo de tal forma profunda e honesta,
que as conclusões resultantes de seu
“mergulho existencial”
precisam ser ouvidas em qualquer espaço de onde se
cultive
um saber sobre o ser humano.
Paulo conseguiu penetrar nos recônditos
porões do nosso ser.
Santo Agostinho, em suas Confissões,
muito provavelmente foi
uma dessas pessoas.
As poesias da alma que produziu eram, sem dúvida,
a
confissão da miséria humana e o grito de quem se
sentiu tocado pela graça de
Deus no mais íntimo do seu ser.
“Quero recordar as minhas deformidades passadas
e as imundícias carnais da minha alma...”
são as sinceras palavras desse grande
teólogo do século IV
que visitou honestamente a si mesmo.
Aprendamos com o
texto paulino mais sobre o ser humano.
E que esse aprendizado se torne um
convite a uma
espiritualidade mais humana e misericordiosa.
A soberania de Deus
Quando Paulo reconhece a sua miserabilidade,
percebe o
caráter universal e trágico da mesma.
Ao analisar-se, descobre o ser frágil e
impotente que é.
A pergunta Quem me
livrará do corpo dessa morte?
Não pode ser respondida pelo homem,
pois a
resposta se encontra para além dele.
É a percepção do vazio infinito que o ser
humano carrega
que o conduz à confissão de Deus.
Não seria diferente com Paulo.
Aliás, o vazio infinito é a pior sensação
que um ateu precisa enfrentar.
Santo
Agostinho, em suas Confissões, disse:
“Porque tu nos fizeste para Ti,
e o nosso
coração está inquieto enquanto não repousar em Ti”.
Marx e Freud acreditavam no fim da religião.
O primeiro
considerava-a um “suspiro da criatura oprimida”;
e o último, uma “ilusão
infantil”.
Ambos defendiam que ela experimentaria
o seu fim com o advento das
ciências.
Contudo, ao contrário do que esperavam,
hoje temos que lidar com uma
explosão de religiões e religiosos.
Exatamente porque o reconhecimento de nossa
fragilidade
e impotência faz com que nos encontremos com o Deus da vida.
É Ele
que preenche o vazio.
Por isso, quando nos enchemos de nós e de
nossa
capacidade, nos distanciamos da presença de Deus.
Quem me livrará do corpo dessa morte?
Pressupõe uma
esperança, uma expectativa.
Paulo, em 1 Coríntios 13:13,
diz que a esperança
está entre os três sentimentos que permanecem:
“Agora pois, permanecem a fé, a esperança e o amor,
estes três; porém o
maior destes é o amor.”
E o que Paulo espera?
Ele quer se ver livre do
corpo da morte
(que não deve ser confundido com o corpo humano).
O apóstolo não
era grego e, portanto,
não enxergava o corpo como uma prisão da alma.
Aliás em
sua teologia, Paulo sempre apreciou o corpo,
chegando ao ponto de declarar, em
sua carta aos Coríntios,
que ele é o templo do Espírito Santo.
Sabendo disso,
qual era, então, a esperança de Paulo?
Falar de esperança é falar, indiscutivelmente, em Moltmann.
Jurgen Moltmann nasceu em 1926 na cidade
de Hamburgo, na Alemanha.
Cresceu num lar protestante, lutou na Segunda Guerra
Mundial
e tornou-se prisioneiro no período de 1934 a 1948,
quando foi capturado
pelos ingleses na Bélgica.
Aprisionado em um campo da Escócia,
Moltmann começou
a se interessar por teologia.
A experiência da guerra o havia colocado diante
da indagação sobre a condição humana...
“como falar de Deus depois de
Auschwitz?
A esperança, para Moltmann, não é a possibilidade de a
alma
pairar em um céu imaginário de bem-aventurados
que está longe do vale de
lágrimas e desligado da terra;
ela é um protesto profético contra a dor e o
sofrimento.
Nesse sentido, Moltmann diz que a ressurreição não é
somente um
consolo em uma vida ameaçada e condenada
à morte, mas também a contradição
criada por Deus contra
o sofrimento e a morte, a humilhação, a ofensa e a
maldade.
E essa esperança torna o ser par
os outros perpetuamente inquieto
em meio
às sociedades humanas, que querem se estabilizar como
“cidade permanente”.
A promessa faz do ser para os outros,
uma fonte de impulsos sempre novos
para a realização do direito, da liberdade e
da humanidade aqui mesmo, à luz do futuro predito que virá.”
(Rainerson Israel)
Espero que esta leitura tenha lhes acrescentado algo de bom e
produtivo.
Gosto muito quando o autor fala acima:
"...quando nos enchemos de nós e de nossa capacidade,
nos distanciamos de Deus."
É como diz também a canção:
"...Quando a mão de poder o seu ego tirar,
sobre as ondas poderás andar...
solte o cabo da nau, tome os remos nas mãos e
navegue com fé em Jesus,
pois então tu verás que bonança se faz,
pois com Ele seguro serás..."
As vezes estamos tão cheios de nós mesmos,
que não há espaço para Deus dentro de nós.
Que Deus nos abençoe neste ano que se inicia!!!
Desejo a todos um 2017 de paz, saúde, alegria....
presença e proteção de Deus para todos nós!!!
Jesus os abençoe!!
Com amor, em Cristo.
Angela.